Espaços

14 de jan. de 2011

Ah... o verão! E a praia...

Verão também é sinônimo de pouca roupa e pouca cintura e muita gordura, pouco trabalho e muita micose.

Verão é picolé de Kisuco no palito reciclado, é milho cozido na água da torneira, é coco verde aberto pra comer a gosminha branca.

Verão é prisão de ventre de uma semana e pé inchado que não entra no tênis.

Mas o principal ponto do verão é... A PRAIA. [para os mineiros só serve se for o litoral do Espírito Santo].

Ah, como é bela a praia.

Os cachorros fazem cocô e as crianças pegam pra fazer coleção.

Os casais jogam frescobol e acertam a bolinha na cabeça das "véias".

Os jovens de jet ski atropelam os surfistas que, por sua vez, miram a prancha pra abrir a cabeça dos banhistas.

O melhor programa pra quem vai à praia é chegar bem cedo, antes do sorveteiro, quando o sol ainda está fraco e as famílias estão chegando.

Muito bonito ver aquelas pessoas carregando vinte cadeiras, três geladeiras de isopos, cinco guarda-sóis, raquete, frango, farofa, toalha, bola, balde e prancha, acreditando que estão de férias.

Em menos de cinquenta minutos, todos já estão instalados, besundatos e prontos pra enterrar a avó na areia.

E as crianças? Ah, que gracinhas! Os bebês chorando de desidratação, as crianças pequenas se socondo por uma conchinha do mar, os adolescentes ouvindo walkman enquanto dormem.

As mulheres também tem muita diversão na praia, como buscar o filho afogado e caminhas 20 Km pra encontrar o outro pé do chinelo.

Já os homens ficam com as tarefas mais chatas, como furar a areia pra fincar o cabo do guarda-sol.

É mais fácil achar petróleo do que conseguir fazer o guarda-sol ficar em pé.

Mas tudo isso não conta, diante da alegria, da felicidade, da maravilha que é entrar no mar!

Aquela água tão cristalina, que dá até pra ver os cardumes de latinha de cerveja no fundo.

Aquela sensação de boiar na salmoura como um pepino em conserva.

Depois de um belo banho de mar, com o "rego" cheio de sol e a periquita cheia de areia, vem aquela vontade de fritar na chapa.

A gente abre a esteira velha, com o cheiro de velório de bode, bota o chapéu, os óculos escuros e puca um "ronco" bacaninha.

Isso é paz, isso é amor, isso é o absurdo do calor!!!

Mas, claro, tudo tem seu lado bom.

E a noite o sol vai embora.

Todo mundo volta para casa tostado e vermelho como mortadela, toma banho e deixa o sabonete cheio de areia pro próximo.

O shampoo acaba e a gente vai lavando o cabelo com qualquer coisa, desde creme de barbear até desinfetante de privada.

As toalhas, com aquele cheirinho de mofo que só a casa da praia oferece.

Aí, uma bela macarronada pra entupir o "bucho" e uma dormidinha na rede para adquirir um bom torcicolo e ralar as costas queimadas.

O dia termina com um boa rodada de tranca e uma briga em família.

Todo mundo vai dormir bêbado e emburrado, babando na fronha e torcendo, pra que na manhã seguinte, faça aquele sol e todo mundo possa se encontrar no mesmo inferno tropical...

Luiz Fernando Veríssimo



É ISSO AÍ, BOAS FÉRIAS !!!!!!

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