Espaços

21 de mar. de 2014

Madrugada de Letras

Porque até a morte se permite um último suspiro; até a vida se permite outra chance; porque meu blog não pode ter um dos dois?


Hoje mais que antes sinto que devo escrever. Não apenas sobre o dia, a vida, coisas. Mas hoje sinto vontade de escrever sobre algo um pouco mais pessoal. 

Mais uma noite de insônia sendo escrita no meu livro, mas essa foi especialmente musical. E dentre as várias bandas que escutei, uma me chamou a atenção, de novo, por ter tanto de mim em suas canções. 

Santa Felicidade
"Não vou tentar encontrar desculpas
 Para não ser alguém melhor
 Melhor pra você, melhor pra mim, pra todo mundo"
Não, musicalmente não é minha "top of mind", mas tem a letra que mais se encaixa no meu coração. Esse trecho em especial me diz tanto e nada! Mas serve sempre como um estímulo para não me contentar comigo, com minhas atitudes, maturidades ou "criancices". 

Dança do Tempo
"Olhe sempre pros dois lados,
 Antes de julgar, de se manifestar,
 Ou pra cruzar a rua"
[...]
"Isso aconteceu quando
 Quando no seu lugar
 Quem estava era eu"


Julho de 83
"Fiquei ali sentado
 Sentado sobre as mãos
 Pensando em te perder
 Querendo te encontrar
 Você me viu olhar
 E veio em minha direção
 Sorrindo disse: olá"

Sobre o Tempo
"O tempo passa e nem tudo fica A obra inteira de uma vida
 O que se move e o que nunca vai se mover"
 
Um Girassol da Cor do seu Cabelo
"Se eu cantar não chore, não
 É só poesia
 Eu só preciso ter você por mais um dia
 Ainda gosto de dançar
 [...]
 Você vem?
 Será que é tarde demais?"

Das Coisas Que Eu Entendo
"Não há raiva, não há morte
 Só arrependimento e amor
 E disso tudo eu entendo muito bem
[...]
 Você não ligou quando eu disse para ter cuidado
 E tinha razão, você precisa ser livre"

Obsessão
"Sigo a sombra dos seus passos sem pensar
 Fecho meus olhos e deixo você me guiar"

Último Beijo
"Você queria deixar tudo sempre igual,
 E eu não conseguia deixa tudo sempre igual"

Desejo
"É que te amo mais do que eu devia"

Paz e Amor
"Com flores na cabeça
 Nossos pés descalços
Nossa vida toda
De paz e amor
[...]
 Um garoto com os braços tatuados
 E por você perdidamente apaixonado"
Sim, em tudo é minha "top of mind". A que mais ilustra em letras minha alma. 

E assim eu começo a desconfiar que Nenhum de Nós é Algum de Mim. E "Eu não tenho o paraíso pra te oferecer" (Paraíso), mas ofereço minha alma para imprimir cada uma dessas notas que me transcrevem com exatidão, inalcançada até por minhas próprias mãos.




18 de out. de 2013

Hoje eu perdi minha filha

Hoje eu perdi minha filha. Hoje várias mães e pais perderam seus filhos...

Hoje uma família perdeu uma filha. Hoje uma filha perdeu seus verdadeiros pais.

Hoje alguém brincou de deus. Brincou com destinos e sentimentos. Hoje alguém foi cruel. Essa crueldade nos fez perder...

Hoje eu, que já sou mãe,  perdi também. Hoje você que ainda não é mãe, nem pai, perdeu o direito de querer ser especial pra alguém. Hoje, e de hoje em diante, perdemos a oportunidade de salvar alguém; uma criança. Isso foi tirado de nós.

Hoje meu coração está como o de quem perde um sonho. Um filho.

Hoje perdi minha filha, que ainda nem é minha. Perdi a esperança e te-la. Hoje tiraram de nós, mães e pais de coração, a certeza de um dia sermos agentes de transformação na vida de algum pequenino.

Hoje eu chorei. De raiva. De dor. De medo. Chorei.

Minhas lágrimas estavam mais densas, pois vi nessa decisão a incerteza do meu futuro. Hoje meu coração apertou por não saber se vão me deixar apertar as mãos de quem espero.

Hoje senti medo. Hoje eu perdi. Você perdeu.

Hoje eu vi que a justiça pode ser cega, mas não burra. E ela foi burra. Incoerente.

Hoje eu vi uma criança deixar de ser criança para virar número. Estatística.

Hoje eu vi o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) e senti nojo por ele ser só um papel cheio de letras bonitas. Eca, credo! Palavras só são vida quando colocadas em prática; ou serão eternamente palavras mortas.

Hoje eu olhei pra minha filha Mariah e pensei na que "procuro". Será que quando eu a "achar" vão me permitir ama-la? Será que a justiça irá brincar de Sorte ou Azar comigo também? A resposta pouco importa pois hoje muitos de nós perdemos nossa oportunidade de sonhar, de fazer e de amar.

Não é apenas a familia da Duda que sofre. Eu sofro. Se você tem coração, você sofre. Se você é pai/mãe, sofre também. Eu sei.

Mesmo assim, sigo crendo que o que se perde se acha. E assim sigo crendo que acharemos nossos filhos. E eles ficarão conosco. E nós os amaremos.

E que as Dudas, Diegos, Marcelas, Paulos, Rafaeis, Vivianes, Danieis, Rebecas, Davis, Joanas e a minha Zoe possam receber o amor guardado no peito de cada pai/mãe que os procura. Que o abandono não se repita. Que a justiça não os maltrate. Não nos maltrate.

Hoje eu perdi minha filha. Mas não vou deixar de procura-la.


#FicaDuda

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Pra quem ainda não sabe, corre em Belo Horizonte/MG uma ação judicial de reintegração familiar. Pais adotivos que tiveram os filhos recolhidos pela justiça sob alegação de maus tratos e abandono requereram a guarda dos mesmos. Seis, dos sete filhos, voltaram para a casa. Os mesmos estavam em abrigos (orfanatos). Porém a caçula, e FILHA de alguém, permanecia sob a guarda da familia adotiva. Porém hoje foi determinado que essa família será desfeita, depois de quase 3 anos de laços, e a menininha será dada à própria sorte, voltando para as mãos daqueles de quem um dia ela fora resgatada.

Entenda mais sobre o caso. Clique aqui.


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Quem sou eu: Sou mulher, esposa, amiga, filha e MÃE. Mãe de uma menininha que eu gerei. Minha Mariah. Mas também sou mãe de uma que ainda nem conheço, mas já sei que espera por mim; e eu por ela. Minha menininha, é o meu objetivo de adoção. Sonho com ela todos os dias. A procuro. Não sei quando ela virá. Talvez já. Talvez mais tarde. Mas virá.


25 de jul. de 2013

Nadamos e não morremos!

                               


Ganhou. Meu Deus, o Galo ganhou! O título impossível, aquele que no fundo, bem no fundo, o atleticano já cogitava morrer sem comemorar, como muitos que morreram e não viram. O título da nossa redenção definitiva, a conquista que vai nos ensinar, de novo e de novo, que desistir não vale. Que a justiça, seja dos homens ou de Deus, ela pode falhar e tripudiar da gente – mas que tem uma hora que nem ela se aguenta, e nessa hora ela não falha.

Escrevo estas linhas das cadeiras do Mineirão, outrora as arquibancadas onde aprendi a ser homem. O jogo acaba de acabar, e eu não caibo em mim de felicidade e merecimento. Cada atleticano ao meu lado carrega uma aura em torno de si, uma luz que brilha dos olhos e do coração. A história de cada um deles será diferente a partir de hoje. O amor que floresce em cada uma dessas pessoas nesta noite – pretos, brancos, pobres, ricos – vai tornar o mundo mais justo e humano. Eu quero ter braços gigantes pra abraçar todos eles e dividir a maior emoção das nossas vidas.

O Galo campeão não cabe no jornal, não cabe no Mineirão – o Galo campeão não cabe no atleticano, e por isso precisamos chorar e chorar e chorar. E colocar pra fora 42 anos de uma espera e um amor que só quem torce pra essa entidade pode compreender. Eu me lembro do Vilibaldo Alves em 71: “Quareeeeeenta e cinco minutos!!! As lágrimas escorrem do meu rosto! O Galo é campeão, de fato e de direito! O campeão do Brasil!”. Lembro o Willy Gonzer, e espero que ele tenha narrado sozinho, na sala do seu apartamento, o título que eu quis tanto ouvir na sua voz. Obrigado, Willy. Obrigado ao time todo, por tudo que fizeste por nós nesta noite, que, pra sempre, pra todo o sempre, vai corresponder ao meu ideal de felicidade. Obrigado ao atleticano que me abraçou no Mineirão quando o Sérgio Araújo empatou aquele jogo contra o Flamengo na Copa União. A gente depois perdeu. Agora, é inacreditável, a gente ganhou. Merecimento pouco é bobagem.

Obrigado, meu Deus. Obrigado, Atlético, por me proporcionar a maior emoção da vida. Que eu duvido que alguém já tenha sentido igual, se não for Galo como estes 60 mil aqui do meu lado.

Obrigado, meu Galo querido. Já posso enfartar em paz.




Fred Melo Paiva